No dia 13 de maio, o Centro Cultural São Paulo (CCSP) celebra mais um ano de existência como um dos espaços culturais mais importantes da América Latina. Nessa história, poucos nomes representam tão bem a essência do CCSP quanto Maurício Faria Ramos, funcionário que, há 41 anos, caminha ao lado da instituição promovendo o encontro entre pessoas, saberes e expressões artísticas.
Maurício ingressou no CCSP em 28 de maio de 1984 e desde então atua em áreas ligadas à comunicação e ao atendimento ao público. Hoje, ele ocupa o cargo de Supervisor de Informação, função que traduz sua vocação: ser ponte entre o espaço e seus visitantes, escutando, orientando e provocando reflexões.
Entre as muitas histórias que carrega na memória, uma das mais marcantes envolve uma visita guiada com adolescentes de uma escola pública. Na ocasião, os jovens chegaram cansados e desmotivados, mas Maurício, em vez de somente apresentar o espaço, propôs algo diferente: fazer com que cada estudante se enxergasse como sujeito de transformação. Foi assim que começou uma conversa sobre o grêmio estudantil, sobre os problemas da escola e, principalmente, sobre o direito de reivindicar melhorias e construir soluções em conjunto com a comunidade escolar.
“Foi o silêncio mais barulhento que já vi. Eles estavam pensando. Se descobrindo”, relembra ele. Dias depois, a diretora da escola voltou ao CCSP para agradecer. “Você deu um caminho pra eles”, disse ela. Para Maurício, o segredo está em “dar ao outro o direito de existir”, uma frase que resume a promessa do CCSP com a população.
Ao longo dos anos, Maurício também promoveu ações na biblioteca Braille, no circuito de artes visuais e nas salas de teatro. Ele lembra com carinho do impacto que a biblioteca teve em uma criança de seis anos, que, ao entender o funcionamento do sistema Braille, falou com entusiasmo: “eles leem com as mãos, então têm 10 olhos!”
O CCSP, para Maurício, é mais do que um espaço: é “um transatlântico maluco que navega pela 23 de Maio”, tripulado por pessoas que acreditam no poder da cultura. Ao pensar no futuro do Centro Cultural, ele espera “que ele nunca perca essa transparência, esse acolhimento e esse respeito pela diversidade.”